Ricardinho disse adeus à seleção nacional depois de ter vencido o título mundial, o auge da sua carreira.
Foi com um discurso emocionado que a estrela maior da história do futsal português abandonou a seleção:
“Vim aqui anunciar o final de um ciclo… apesar de me custar muito, foi caminhada incrível e inesquecível, comecei com 16 aninhos, em Rio Maior, a saber que iria estar entre os melhores na Seleção, mas não sabia que ia ser tão perfeito. Foi caminhada incrível, com altos e baixos, como aquele Europeu da Hungria, em que não pude ajudar devido a lesão. Isso foi somente o abrir portas para o que é a conquista, e depois, com a caminhada brilhante na Eslovénia, conseguimos tocar o céu. Foi marco fenomenal para a nossa Seleção, mas Deus tinha algo ainda mais bonito e grandioso para nós, para mim”.
“Com a saída triste de Espanha, com o tema do Covid, depois com o projeto meio falhado em França (ACCS), aposta pessoal, ter tido uma das lesões mais graves que se pode ter no desporto, e tinha só mais uma bala no cartucho para disparar, o Mundial da Lituânia”.
“Felizmente, acho que termino da melhor maneira esta história e página escrita no livro do futsal, um campeonato da Europa, um Mundial, vários títulos individuais, que espero que os meus companheiros venham a bater o futuro. Com muita pena minha vou dizer uma ´até já´ à Seleção, a decisão mais difícil da minha carreira desportiva. Mas é hora de dar lugar aos mais jovens e sinto que tudo o que tinha para dar dei desde os meus 16 anos até hoje. Obrigado a todos, espero que entendam as minhas palavras, sentimento e decisão”, terminou Ricardinho já em lágrimas.
Numa conferência conjunta com Fernando Gomes e Jorge Braz, o presidente da Federação ofereceu papel de embaixador vitalício a RICARDINHO e deixou-lhe um pedidos, que de pronto aceitou: fazer um último jogo, uma última internacionalização, perante o público português.
“Claro, são dois pedidos muito fáceis de aceitar. Será com todo o meu orgulho e mais uma oportunidade de realizar o único sonho que ainda não cumpri – entrar num jogo com os meus dois filhos, penso que vou poder realizar. Quanto a ser embaixador, desde sempre tentei trabalhar para ser uma referência na modalidade.”
Sobre o seu futuro enquanto jogador de futsal, isto não é o fim da carreira, pois «ainda restam alguns anos para jogar futsal a nível de clubes».
Jorge Braz também se despediu de Ricardinho de forma muito emocionada
“Não trouxe a prancheta para te atirar com ela, mas foram 11 anos a aturar-te… Que desafio, que privilégio, que aprendizagem conjunta… momentos fantásticos… Houve momentos bons, houve momentos menos bons, mas sempre na procura da excelência, e muito graças à exigência que colocaste sempre a ti, que contagiou sempre toda a gente, sempre… Por isso foi possível tocar o céu, estar no topo dos topos, e tu estiveste tantas vezes e levaste toda a gente a lá estar. Mas a vida, e sabes como penso, é muito mais que taças, títulos e campeonatos…. Que deixamos para trás? Que legado deixas? O teu legado é o maior exemplo que pode existir para a Seleção Nacional, todos os companheiros, staff, para o futsal e desporto em geral, mas, mais importante, para as pessoas foste exemplo de superar e atingir as coisas de forma correta e apaixonada. Tu sentiste o futsal, as pessoas como ninguém, por isso, que orgulho ter feito parte deste teu percurso e ter contribuído para o legado e exemplo que estás a deixar. Muito, muito obrigado!”
Aos 36 anos, Ricardinho acaba o seu percurso na seleção Nacional com 187 jogos e os dois principais títulos: o Europeu de 2018 e o Mundial de 2021, conquistado à meses numa final frente à Argentina, no qual foi eleito melhor jogador da competição.