Antigo “vice” do Valencia apresentou queixa no MP sobre negócios entre Benfica e Valência

Miguel Zorío, vice-presidente do Valência entre 2009 e 2010, apresentou, a 22 de outubro, uma denúncia, no Departamento Central de Investigação e Ação Penal, contra as SAD de Benfica, Valência e o empresário português Jorge Mendes, por alegados crimes de corrupção internacional e branqueamento de capitais em quatro contratações feitas pelo emblema espanhol aos encarnados.

Com esta queixa, o antigo dirigente, que recentemente apresentou uma proposta de 250 milhões de euros para adquirir o clube espanhol ao atual proprietário, Peter Lim, pretende que o Ministério Público coloque em marcha uma investigação sobre as transferências de André Gomes, João Cancelo, Enzo Pérez e Rodrigo Moreno.

«Não sou eu que digo, isto está tudo nos relatórios e contas do Benfica. Nestas quatro contratações, o Valência gastou 100 milhões de euros e o Benfica recebeu apenas 53. Pelo Rodrigo, que custou 30 milhões de euros mais 10 milhões em variáveis, o Benfica só recebeu 12,7 milhões», exemplificou, em declarações a A BOLA, o antigo dirigente, explicando que os restantes 27,3 milhões de euros foram justificados pelos encarnados como «gastos de intermediação».

«Pelo João Cancelo e o André Gomes, o Valência pagou €15M por cada e o Benfica só recebeu €6M do João e €9M pelo André. O Enzo custou 25 milhões ao Valência e ao Benfica só chegaram 18 milhões», acrescentou Miguel Zorío, que pede às autoridades portuguesas que se investigue também crime de corrupção internacional.

«Aqui, em Valência, o Peter Lim está a ser investigado pela Fiscalía Anticorrupción, mas este crime é de corrupção internacional, é um delito difícil de investigar e, por isso, está parado», explica.

«Nesses anos, o Benfica tinha uma crise económica enorme e o Valência pagou um preço muito acima do mercado. O Rodrigo não valia aquele montante e o João Cancelo tinha três jogos na equipa principal do Benfica», diz-nos o ex-dirigente da equipa espanhola, estranhando que, segundo o próprio, em algumas das operações entre os clubes, as taxas de intermediação das transferências tenham atingido 50 por cento do valor quando o contratualizado entre Valência, Benfica e Jorge Mendes era de 10 por cento.

Além destes quatro negócios, Miguel Zorío suspeita da legalidade da contratação de Jonas, no verão de 2014, pelo Benfica, numa mudança a custo zero depois de o antigo jogador brasileiro ter rescindido com os espanhóis. «Foi oferecido ao Benfica um avançado de grande qualidade», apontou Zorío.