Benfica considera que «não há nenhuma prova» no caso ‘Saco Azul’

Os advogados do Benfica Rui Patrício e João Medeiros defenderam, hoje, no debate instrutório do processo Saco Azul, que não há provas num caso que «não tem objeto há muito tempo»

«No processo, já estava há muito tempo assumido que não havia nenhum saco azul. O que é lamentável é o senhor procurador, embora admita que não encontrou provas de nada, continue a falar em saco azul. Está a dizer uma coisa e o seu contrário. É clarinho que não há nenhuma prova. É confessado e admitido por Polícia Judiciária e Ministério Público. É importante que se deixe de chamar o processo de Saco Azul, pois não tem objeto há muito tempo», afirmou, citado pela Lusa, Rui Patrício, à saída do Campus de Justiça, em Lisboa.

Entre os arguidos, estão a SAD do Benfica, Benfica Estádio, Luís Filipe Vieira, Domingos Soares de Oliveira e Miguel Moreira, que pediram a abertura de instrução no processo. A acusação do Ministério Público imputa ao ex-presidente do clube da Luz três crimes de fraude fiscal qualificada e 19 de falsificação de documento, tal como Miguel Moreira, ex-diretor financeiro do clube, e Domingos Soares de Oliveira.

Estes crimes são imputados em coautoria com a empresa QuestãoFlexível e o arguido José Bernardes, enquanto a SAD do Benfica é acusada de dois crimes de fraude fiscal e a Benfica Estádio de um crime de fraude fiscal e de 19 de falsificação de documentos.

«Creio que ficou indesmentivelmente demonstrado que as intervenções de Luís Filipe Vieira e Domingos Soares de Oliveira se ficaram a dever ao exercício do cargo, sem o conhecimento concreto dos contratos. Por aí, entendo que vai haver uma decisão de não pronúncia. Também me parece que ficou evidenciado que os serviços foram reais. Penso que será o suficiente para fazer cair toda a acusação», argumentou João Medeiros.

O procurador Hélder Branco dos Santos, no debate instrutório, salientou que a questão essencial é «perceber se os serviços que foram faturados pela QuestãoFlexível foram, ou não, realizados», frisando que «são fictícios e não traduzem uma verdadeira relação económica e de prestação de serviços com essas empresas do Grupo Benfica».

Hélder Branco dos Santos alegou que «ninguém conhece» a empresa, onde José Bernardes era o único funcionário, «não há um caderno de encargos», a faturação «é totalmente aleatória» e a QuestãoFlexível se desenvolvia na residência desse arguido.