No podcast Final Cut, Paulo Araújo, também conhecido como “Dr. Milagres”, falou sobre o período em que trabalhou para o FC Porto na temporada 2021/22.
“Na temporada anterior à minha entrada no departamento médico do FC Porto, já estava a trabalhar com 14 jogadores do clube. A imprensa estava atrás de mim, querendo saber quem tratava e quem não tratava. Todos pediam entrevistas e eu sempre dizia que não. Mas o António Soares, jornalista d’O JOGO na época, agora no JN, veio falar comigo e disse que queria conversar. Quer você queira, quer não, você é notícia. Ou você deixa isso ao livre arbítrio e eles irão descobrir o que querem e o que não querem. Ou então, se você der entrevista, acaba com o assunto e ninguém mais o chateia. No dia seguinte, liguei para ele e disse que daria a entrevista. Para minha surpresa, no dia seguinte a entrevista sai e aparece “Dr. Milagres”. Liguei para ele e ele disse: “É isso mesmo. O que você faz, no tempo que faz… é exatamente isso. O título está mais do que correto”. E eu disse “tudo bem”. Hoje em dia, lido bem com isso e até me divirto ouvindo. O futebol depende mais dos comentaristas do que do próprio jogo, vemos mais comentaristas de futebol do que o próprio futebol. Às segundas-feiras, havia um programa de resumo do campeonato da China, que mostrava todos os detalhes estatísticos. Quando cheguei aqui, procurei isso, mas só falavam de Manel, de Joaquim… Nada da essência do futebol”, começou por dizer.
“Saí porque… Como posso dizer sem ofender. Prefiro que fique entre nós. Havia uma antipatia com a minha presença, não por parte dos jogadores, nem do treinador. Os jogadores queriam que eu continuasse, todos. Eu fiz, durante o estágio, 1153 tratamentos naquele ano. Preparava os jogadores para o jogo, aumentava o oxigênio no organismo, eliminava a fadiga e à noite, quando saiam do jantar, subiam para a minha sala. Eu os picava para que pudessem dormir tranquilos. O sono era tranquilo, acordavam bem, e depois eu os tratava novamente para eliminar a fadiga. Naquela temporada, todos viram a quantidade de quilômetros que a equipe corria. Durante os 90 minutos, éramos uma equipe consistente e forte. O trabalho com o departamento de fisiologia foi fantástico, eles passavam as informações para corrigir. Sempre houve um trabalho em equipe com a equipe do treinador Conceição. Não era preciso falar muito comigo, porque tínhamos uma coisa em comum: gostamos de vencer, cada um na sua área. Para mim, bastou a primeira conversa que tive com ele. Sempre que ele precisava de algo, só tinha que dizer o que queria. Até pegava os jogadores às 3 da manhã. Pegava neles após o jogo, levava-os para a minha clínica de madrugada e às 7 ou 8 da manhã eles já estavam lá novamente para serem preparados para o jogo”, concluiu.